A pesquisadora Regina Coeli Goldenberg, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), afirma que pretende, até o final de 2010 ou o começo de 2011, realizar testes com o material para recuperar tecidos como o fígado em animais de laboratório.
“A vantagem da célula mesenquimal e, particularmente, a de origem menstrual é que ela pode ser induzida a virar embrionária”, diz a especialista. “É uma alternativa ao uso do embrião, sem passar por muitas das questões éticas.”
Regina compreende a ambição do seu projeto. “É quase como produzir órgãos em prateleira, o objetivo é pegar uma matriz, repopulá-la com células-tronco e conceber um órgão funcional ou transplantar o tecido para recuperação”, afirma a especialista.
Reprogramação
Durante a sua pesquisa, Regina usou o potencial das células-tronco no endométrio, capazes de manter e fazer crescer um óvulo fecundado no corpo de uma mulher. Com o auxílio de uma camada alimentadora com fibroblastos de camundongos, foi possível realizar em laboratório o cultivo de células-tronco embrionárias a partir do sangue menstrual.
Durante a sua pesquisa, Regina usou o potencial das células-tronco no endométrio, capazes de manter e fazer crescer um óvulo fecundado no corpo de uma mulher. Com o auxílio de uma camada alimentadora com fibroblastos de camundongos, foi possível realizar em laboratório o cultivo de células-tronco embrionárias a partir do sangue menstrual.
“É uma camada para sustentar a embrionária humana”, diz Regina. “Traz a vantagem de dispensar, no final do processo, o tecido com origem animal usado para suporte e, possivelmente, preencher novamente órgãos descelularizados.”
Eficiência e preconceito
Ao apresentar os resultados da pesquisa de sua equipe na 25ª Reunião da Federação de Sociedades de Biologia Experimental (FeSBE), em Águas de Lindóia, Goldenberg afirmou que a reprogramação de células de sangue menstrual em embrionárias apresentou resultados melhores, com maior rapidez e eficiência do que outros estudos.
Ao apresentar os resultados da pesquisa de sua equipe na 25ª Reunião da Federação de Sociedades de Biologia Experimental (FeSBE), em Águas de Lindóia, Goldenberg afirmou que a reprogramação de células de sangue menstrual em embrionárias apresentou resultados melhores, com maior rapidez e eficiência do que outros estudos.
“As pessoas pouco falam do endométrio, preferem focar as pesquisas em células-tronco em polpa de dente, gorduras”, afirma a cientista. Há também o problema cultural. “Materiais como cordão umbilical e placenta carregam o peso de estarem ligados a questões culturais, assim com a menstruação tem todo esse aspecto de ser impura para algumas culturas.”
Fase experimental
Apesar dos avanços, Goldenberg afirma que ainda é cedo para falar no emprego da técnica em humanos. “Não tenho dúvida de que a terapia celular vai ocupar um lugar de destaque no futuro das alternativas terapêuticas, mas por enquanto ainda estamos engatinhando”, afirma a especialista.
Apesar dos avanços, Goldenberg afirma que ainda é cedo para falar no emprego da técnica em humanos. “Não tenho dúvida de que a terapia celular vai ocupar um lugar de destaque no futuro das alternativas terapêuticas, mas por enquanto ainda estamos engatinhando”, afirma a especialista.
“Há pessoas que se aproveitam das pesquisas sérias para ganhar dinheiro, vendendo produtos milagrosos, frascos de células-tronco para curar tudo podem ser encontrados em sites”, diz a especialista. “A comunidade internacional já está trabalhando para montar comitês que combatam este tipo de prática.”
Rejeição
Células mesenquimais como as do sangue da menstruação parecem apresentar um privilégio imunológico, segundo a professora Goldenberg, com menores possibilidades de rejeição.
Células mesenquimais como as do sangue da menstruação parecem apresentar um privilégio imunológico, segundo a professora Goldenberg, com menores possibilidades de rejeição.
O emprego de células-tronco mesenquimais de sangue de cordão umbilical já foi feito com segurança em paciente com esclerose múltipla em 2009. No caso, apesar de não ser possível afirmar que a doença foi interrompida, o estudo mostrou que o transporte das células foi seguro ao corpo do receptor, não gerando rejeição.
Facilidade de manipulação
A coleta do material é simples, similar a exames de urina. A doadora deve fazer uma higiene íntima comum e depositar o material em um frasco próprio para a coleta. A partir do sangue, as células-tronco mesenquimais são separadas e cultivadas.
A coleta do material é simples, similar a exames de urina. A doadora deve fazer uma higiene íntima comum e depositar o material em um frasco próprio para a coleta. A partir do sangue, as células-tronco mesenquimais são separadas e cultivadas.
“Não é preciso muito material porque este tipo de célula possui uma boa capacidade de proliferação”, explica Regina. “Na hora de fornecer o material, a mulher deve desprezar o primeiro jato, por motivos de contaminação, e depois colher, no máximo, uns 5 ml.”
O procedimento também carrega a vantagem de não ser invasivo, como na extração de tecido endometrial de dentro do útero, com emprego de biópsias.
Bioluminescência
Para saber como a célula-tronco interage com o meio na qual é inserida, a combinação de duas substâncias, a enzima luciferase com a luciferina, geram a emissão de fótons, detectados por um aparelho.
Para saber como a célula-tronco interage com o meio na qual é inserida, a combinação de duas substâncias, a enzima luciferase com a luciferina, geram a emissão de fótons, detectados por um aparelho.
O procedimento permite monitorar a célula dentro do organismo do animal, sem a necessidade de sacrificá-lo. “Exames de imagens trazem essa vantagem, o processo é parecido com o de inserção de partículas de ferro nas células, que são registradas por ressonância magnética”, diz a cientista, integrante do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho, no Rio de Janeiro.
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