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segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Número de baleias encalhadas no litoral preocupa especialistas

Será que as baleias estão perdendo a direção? Tem alguma coisa estranha nos oceanos?




Olha que imagem bonita! São as baleias que estão aparecendo na costa brasileira em quantidade recorde!




O problema é que muitas delas acabam enchalhando na costa --só este ano, foram 67, o número mais alto de todos os tempos.



Será que as baleias estão perdendo a direção? Tem alguma coisa estranha nos oceanos?



Como é que é a operação pra resgatar um bicho desses, tão imenso?

 
Operação de guerra! A notícia de uma baleia franca encalhada viva em Itapirubá, litoral sul de Santa Catarina, mobilizou forças armadas, especialistas e voluntários.

“Duas retroescavadeiras, uma pá carregadeira, trator de esteira, cabo de aço. O comprimento dela é de mais ou menos 13,5 metros. Peso de 45 toneladas”, diz o biólogo da Universidade do Extremo Sul Catarinense, Rodrigo Freitas.
No primeiro dia. O animal lutava pela vida.
“Daqui uma hora mais ou menos a maré deve estar em seu máximo de altura. E a gente tem esperança que ela saia sozinha”, afirma a bióloga Karina Groch.




A maré subiu, mas não o suficiente. Pelo contrário, trouxe mais areia. E, cada vez que as ondas batiam, o buraco ficava mais fundo.

“A gente arrastar ela mar adentro, a gente teria que conseguir fazer ela flutuar pra conseguir puxar”, conta Karina.
Foram quatro dias de tentativas, frustradas.
“Está descartada a possibilidade de resgate”, diz a bióloga.
Para diminuir o sofrimento da baleia, veterinários prepararam uma dose de remédios para o sacrifício. Mesmo assim, ela não se entregou.

“Quando nós constatamos que ela ainda permanecia viva, pra gente também foi uma surpresa”, diz ela.
No sétimo dia de agonia, nova carga de remédios. Desta vez, a baleia morreu.


 “Quando as baleias encalham algo errado aconteceu”, conta o biólogo da USP, Marcos Cesar de Oliveira Santos.
Algo muito errado. As baleias mais comuns no Brasil são das espécies franca e jubarte. Elas vêm do Pólo Sul, em busca de águas mais quentes e calmas para acasalar, ter seus filhotes e amamentar.
Elas ficam em águas brasileiras de julho a outubro. Por isso, os encalhes assustam.
“Encalhes de baleia franca são bastante raros, principalmente porque ela é uma espécie costeira, que está acostumada a frequentar lugares rasos”, diz a bióloga Karina.

Este ano, foram quatro encalhes da espécie franca. O último, um filhote encontrado a poucos quilômetros da fêmea que agonizou durante uma semana, e vimos no início desta reportagem.
Os encalhes da espécie jubarte preocupam mais --porque o número é muito alto. Ainda nem acabou a temporada, e já são 62 casos no Brasil. No ano passado, foram apenas 30.
"É um número recorde e a gente ainda não tem uma causa provável para tanto encalhe”, conta o biólogo Lupércio Barbosa.
A Bahia lidera o ranking. 26 encalhes. No Espírito Santo, 21 e no Rio de Janeiro, três. Mas o que está acontecendo? Um fenômeno natural? Ou tem algo estranho no oceano?
“A gente sabe que a população dessas duas espécies, a franca e a jubarte, esta aumentando. É natural que uma população que aumente, você vai ter mais possibilidade de encontrar animais mortos”, diz Maurício Tavares, biólogo do Ceclimar, Centro de pesquisas marinhas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Durante milhões de anos, as baleias conseguiram se adaptar às lentas transformações da terra. Mas, hoje, é difícil, para elas acompanhar a velocidade com que o homem interfere na natureza.
“Elas estão sofrendo com algum impactos como em malhe de rede de pesca, colisões com grandes embarcações”, conta o biólogo do Instituto Baleia Jubarte, Clarêncio Baracho.

Na Argentina, uma entidade de proteção animal fotografou um enorme navio atropelando uma baleia em agosto deste ano.
“A gente tem aí o nosso litoral em franco desenvolvimento, a instalação de indústrias, de portos, é um motivo de preocupação”, explica a bióloga Karina.

Tanto as jubartes quanto as francas são extremamente dóceis. E costumam não temer a aproximação do homem.

Ficamos do lado de uma baleia franca, tivemos que ficar numa distancia aqui, com motor desligado, ela é que vai determinar que distância ela chega do barco.

Causas naturais são outra hipótese para o aumento de encalhes. As baleias ficam doentes e são levadas pela maré até a praia.
É o que pode ter acontecido em agosto, no Rio Grande do Sul.

“A gente notou que o animal estava bem externamente ela não tinha nenhuma lesão”, diz Mauricio Tavares.

Um batalhão de gente se empenhou para devolver o animal ao mar.
“Quando a maré subiu, o vento parou, a embarcação chegou, a gente tava com a amarração toda pronta, e a gente conseguiu fazer o desencalhe dela”, conta ele.
Só que no dia seguinte... “Encalhou de novo. Quando o pessoal se deu conta o animal tinha parado de respirar.”

“É muito difícil você salvar uma baleia que chega machucada na praia”, diz Clarêncio Baracho.

Um caso é exceção. Em outubro de 2000, o oceanógrafo Hugo Gallo se deparou com uma baleia jubarte encalhada no litoral de São Paulo.

“Havia um horário da maré que a gente sabia que era a nossa única chance de liberar o animal”, diz ele.
A equipe considerou a hipótese de resgate porque a baleia não estava ferida e respirava bem.
“O animal ficava obviamente imóvel, e quando ele se viu liberado pela maré, quando ele sentiu que podia boiar, aí ele nos ajudou bastante, se ajudou na verdade, porque ele percebendo a flutuabilidade voltar ele se virou no eixo, do próprio corpo duas vezes, e saiu nadando e a gente conseguiu com isto, realizar o resgate” conta Hugo.
As baleias mortas em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul foram encaminhadas para análise e os ossos serão remontados em centros de estudos.

“O que a gente descobrir sobre essa baleia e as pesquisas que a gente vai realizar no futuro talvez vão ajudar a conservar aquelas que estão vivas na população”.
Estudando e monitorando os animais, inclusive de helicóptero, os pesquisadores lutam para que as baleias brasileiras saiam da lista dos animais ameaçados de extinção.


Fonte: http://fantastico.globo.com/Jornalismo/FANT/0,,MUL1619669-15605,00-NUMERO+DE+BALEIAS+ENCALHADAS+NO+LITORAL+PREOCUPA+ESPECIALISTAS.html

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